O “novo normal” já não deve ser mais novo para ninguém. Depois de tanto se falar neste conceito, ele agora é uma realidade e está se incorporado à vida das pessoas, pelo menos das mais preocupadas com o futuro.
Dizem que as maiores inovações da história surgiram a partir de tempos difíceis, como guerras. E o que a pandemia trouxe não foi nada muito diferente disso. Ninguém estava esperando que uma doença mortal fosse surgir de uma hora para outra atingisse o mundo e causasse tanto estrago.
Mas ela ensinou muita coisa. Principalmente o valor que os recursos digitais ganharam. A pandemia forçou empresários e pessoas comuns a adaptarem suas vidas rapidamente.
Quando surgem novas tecnologias, a tendência é que passem a fazer parte da rotina de forma gradativa. Com o aparecimento da crise sanitária isto se mostrou ainda mais verdadeiro, só que com uma velocidade muito superior à usual.
O que este artigo quer mostrar é como a tecnologia está impactando (e vai impactar mais) nossa existência. Acompanhe!
Fase híbrida
A digitalização da vida ainda não está completa. Vivemos uma fase híbrida. Isto significa que ainda misturamos o digital com o físico. Há quem chame este momento de “fisital” Vamos tomar como exemplo uma empresa.
Nem sempre uma organização que está passando pela digitalização oferece um produto digital. Aliás, este modelo que as empresas podem usar faz parte de uma estratégia conhecida como multicanal, que é parte do processo de transformação digital. Um grande número de companhias experimenta vantagens com o modelo híbrido.
A mescla de serviços digitais e físicos afeta também as pessoas comuns. Isto pode acontecer quando fazemos uma compra, como um par de sapatos. A escolha e a transação podem ser feitas a partir do site da loja ou de um aplicativo de celular. Entretanto, se por algum motivo for necessária uma troca, isto ainda pode ser feito facilmente de forma presencial.
Entretanto, é bom reforçar que, mesmo que ainda estejamos passando por uma fase híbrida, a tendência é que cada vez mais produtos e serviços sejam imersos em tecnologia. O novo normal é digital.
O que já foi digitalizado
A rápida mudança para o novo normal representa, além de tudo, um desafio. E isto se aplica a pessoas físicas e jurídicas. Para os negócios, é uma questão de sobrevivência. Para as pessoas, uma alteração na forma de viver.
Se tivermos que enumerar o que já migrou, na maior parte, para o digital, vamos ter uma lista bem grande. Você certamente notou as seguintes mudanças:
- Consultas médicas on-line;
- Aumento no uso de aplicativos para serviços de alimentação, transporte e outros, bem como crescimento da concorrência;
- Compras on-line cada vez mais numerosas;
- Ensino à distância oferecido em larga escala;
- Trabalho digital;
- Consumo de serviços e assinaturas via aplicativos e sites
Para provar este ponto, um estudo do Google em parceria com o IPSOS, uma das maiores empresas de pesquisa de mercado do mundo, apontou que 16% das pessoas entrevistadas pediram comida pelo menos uma vez durante a pandemia, 13% compraram pelo menos uma vez em uma loja virtual e que 11% compraram on-line para retirar em uma loja física.
Outro estudo, agora da organização Criteo, indica que 67% dos participantes habituado às compras pela internet pretendem fazer uso do comércio eletrônico por tempo indeterminado depois da pandemia e que 94% dos que compraram pela primeira vez também não têm a intenção de parar de consumir na modalidade.
O setor de saúde não fica atrás. Agora está presente a telemedicina. Se este conceito já existia há algum tempo, não estava tão presente, principalmente porque muitas vezes o atendimento requer um exame físico do paciente.
Mas a pandemia fez disparar as consultas à distância. E isso ocorreu principalmente porque o risco de contaminação pelo coronavírus foi muito alto nos ambientes hospitalares. Então, passaram a ser empregadas de forma massiva as plataformas digitais, o WhatsApp e muitos outros canais.
Medicamentos cuja venda depende de uma série de normas legais passaram a contar com certa flexibilização, com a possibilidade de emissão de receitas assinadas eletronicamente por meio dos aplicativos.
Agora, se formos falar sobre a educação à distância, também vamos encontrar números que provam que o digital imperou. O INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão do Governo Federal, realizou o Censo Escolar em 2020. Das escolas de ensino fundamental participantes, 99,3% dos estabelecimentos de ensino suspenderam as atividades presenciais, ministrando aulas através da internet.
O teletrabalho ganha espaço também. E vai continuar ganhando. Segundo estudo promovido pelo IBGE, em 2020, 43% das empresas que participaram da pesquisa adotaram o regime home office para todos os seus funcionários.
O mesmo estudo ainda revelou que esta modalidade de trabalho continuará sendo utilizada por tempo indefinido por mais de 31% das organizações, tendo em vista que elas ganharam em produtividade e economia de recursos.
E por falar em empresas, elas também precisarão passar por inovações tecnológicas profundas, se quiserem continuar competitivas. E seus colaboradores precisarão acompanhar, sob o risco de ficarem defasados no mercado de trabalho.
A transformação digital nas empresas
O novo normal exigirá dos colaboradores das organizações que se adaptem ao novo modo de pensar delas. Está havendo aos poucos, mas de forma acelerada, uma mudança cultural, uma nova maneira de funcionar.
Estamos falando da transformação digital. Ela representa uma inovação profunda em todos os aspectos. Envolve o uso massivo dos recursos oferecidos pela tecnologia para alterar os processos internos e sistemas organizacionais.
Outros fatores também são afetados, como o relacionamento com os clientes, a agilidade na tomada de decisões pela gestão e a maneira de trabalhar dos colaboradores.
O objetivo da transformação digital é dar aos processos internos as características da tecnologia: modernidade, flexibilidade e desembaraço. E, assim, trazer agilidade, expansão de oportunidades de atuação e consequente crescimento.
Esta mudança de mentalidade é mais fácil ou até inerente às jovens companhias, que nasceram na era digital. As que já têm mais idade terão um tanto a mais de trabalho para entrar em consonância com os tempos atuais para efetuar um novo relacionamento entre gestão e colaboradores.
Mas para que a transformação digital seja plenamente atingida, alguns pilares fundamentais foram estabelecidos.
O primeiro deles é o foco nas necessidades do cliente. As ferramentas digitais devem ser usadas para conhecer as reais necessidades dos clientes, para a construção de um bom relacionamento e fidelização.
Outro princípio é o dos feedbacks. Com recursos digitais, os retornos podem ser mais constantes e exatos, contribuindo para o aumento da eficiência dos processos internos da empresa.
A transformação digital também ressalta a importância do aprimoramento da logística. Isto envolve o foco na eficiência do processamento de pedidos, armazenamento, transporte e distribuição, tudo com o objetivo de alcançar mais velocidade e precisão.
Uma empresa flexível no sentido de compreender e atender às necessidades dos clientes, que podem variar de uma hora para outra, vai lidar melhor com as novas demandas que a transformação digital trará.
O novo normal digital exige o uso dos serviços das empresas digitais. E é fácil perceber como esta dependência está evoluindo.
Podemos citar alguns exemplos de serviços digitais de que o novo normal nos obrigou a usufruir:
Netflix
Ela começou como uma locadora de vídeos que enviava DVDs pelo correio. Mas a manifestação da transformação digital fez com que ela se tornasse a pioneira em streaming de vídeo, com mais de 5000 títulos, entre filmes e séries.
O número de assinantes desde os primórdios, em 2011, nunca parou de subir. Hoje o número total de consumidores dos serviços da Netflix ultrapassa 209 milhões em todo o mundo.
Segundo dados divulgados pela própria empresa, em 2020, o lucro atingiu a marca de US$ 1,35 bilhões, representando um aumento de 71% em relação a 2019. As receitas brutas somaram US$ 7,4 bilhões. A previsão é de que até o final de 2021, o total de clientes atinja 212 milhões.
Magazine Luiza
Este é um exemplo notório do quanto o novo normal foi incorporado às grandes empresas. Em 2021, nos três primeiros meses, o lucro líquido saltou 739,7% sobre o mesmo período do ano anterior, com a cifra de R$ 258,6 milhões. Estes números indicam um aumento de nove vezes o resultado de R$ 30,8 milhões, verificado no primeiro trimestre de 2020.
Esses números se devem ao processo de transformação digital que já ocorreu. O e-commerce da Magazine Luiza passou a fazer parte das principais estratégias de venda, tornando-se uma verdadeira referência em transações digitais.
Outras providências foram tomadas para que a digitalização ganhasse força: mudanças nos processos de venda, investimento em marketing digital e pessoal especializado, como programadores, com a meta de atingir os clientes modernos, que perceberam que o novo normal exige novos hábitos de consumo.
A varejista assumiu uma nova postura, uma mudança de pensamento. Passou a usar as estratégias multicanal (omnichannel), integrando lojas físicas e virtuais. Ela tem buscado a inovação e o aprimoramento dela de forma constante.
Airbnb
A realidade atual do mercado hoteleiro mudou com a chegada do Airbnb. Ele foi criado em 2008 por dois estudantes que alugavam colchões no apartamento em que moravam de aluguel. Hoje, a organização já atua em mais de 30 mil cidades e em 192 países, com apenas quatro anos de operação.
O aplicativo é parte de um sistema de economia compartilhada. É uma revolução que faz o papel intermediário entre locador e locatário, que busca, dentre milhares de opções, aquela que satisfaz a sua necessidade. A existência do Airbnb se tornou um modelo para as empresas tradicionais do ramo de hotelaria que desejam se manter competitivas por investir nos canais digitais.
Estes exemplos são poucos em relação a todos os serviços que já se digitalizaram e passaram a ser usados de forma ampla. Porém, nem todas as pessoas têm facilidade em se adaptar a um mundo digitalizado. Mas isto é cada vez mais necessário.
Adapte-se à vida digital
A pandemia e a consequente quarentena chegaram trazendo mudanças um tanto quanto forçadas, mas que serviram para nos fazer conhecer grandes revoluções, e isso inclui nossas formas de se relacionar, trabalhar e comprar.
Gastamos muitos meses, mais de um ano, aliás, nos adaptando a esse novo estilo de vida em que, de uma forma ou de outra, a tecnologia nos influenciou. O isolamento social nos obrigou a ficar em casa e tivemos que aprender a usar plataformas de teleconferência para conversar, aplicativos para comprar, serviços para consumir e para nos entreter.
Nós temos uma capacidade de adaptação surpreendente. E aprendemos com muita facilidade a gostar do que é prático. Então, não é de admirar que, mesmo depois que todos estiverem vacinados, ainda continuemos a usar as ferramentas digitais com ainda mais habilidade.
Empresas estão em redes sociais, usam em larga escala sites, plataformas de comércio eletrônico e vendas até via WhatsApp. Isso sem contar a quantidade de restaurantes e mercados que aderiram a plataformas como Ifood e concorrentes.
Os proprietários de empresas menores, como os MEI, também precisam se moldar ao novo mundo digital. Não importa mais se é um comércio em um bairro. É quase que automático, hoje em dia, buscar informações na internet sobre qualquer estabelecimento. Então, se os pequenos negócios não estiverem preparados para o novo normal, ficarão para trás.
Então, para que você também consiga se preparar, faça uso das ferramentas digitais que você já conhece e não fique só nelas. Busque aprender os recursos novos que surgirem. Isto pode ser bem simples para quem já nasceu na era da informação. Mas para quem é mais experiente, não precisa ser difícil.
Uma coisa é fato: vai chegar o dia em que não se fará mais nada sem o uso da tecnologia. Ficamos dependentes. E a pandemia serviu para provar isso com ainda mais força. Não dá para fugir: o novo normal é digital.