O comércio online no Brasil: mudança de hábitos e tendências.

O comércio online no Brasil: mudança de hábitos e tendências.

Se você passou dos 35 anos, muito provavelmente já foi com os pais, ou talvez sozinho, a uma loja para comprar roupas, um sapato ou um brinquedo novo. É possível que tenham ido não só a um estabelecimento, mas talvez dois ou três para comparar os preços.

Quem gostava de andar mais gastava bastante tempo à procura do que queria. Mas se tivesse muita pressa, não encontrava as melhores ofertas e corria o risco de pagar mais caro. Quando finalmente encontrava a opção perfeita, era hora de pagar. Cheques e dinheiro vivo estavam entre as opções mais comuns.

E era assim que se pesquisavam preços, que se procuravam ofertas e se comprava. Falamos sobre os consumidores com mais de 35 anos mas, evidentemente, isso não significa que pessoas mais jovens nunca adquiriram mercadorias assim.

Com o passar do tempo e a popularização dos cartões de crédito e débito, o comércio físico também ficou mais dinâmico. E, aos poucos, formas mais modernas de comprar e vender começaram a surgir.

O comércio off-line ainda existe e de certa forma é eficaz. Isso depende muito do produto ou serviço que se está adquirindo. Empresas pequenas ou individuais ainda trabalham muito fisicamente (agora com restrições) e isso traz bons resultados para elas.

Para as pessoas com mais idade, o comércio presencial traz mais segurança. Tanto é assim que, segundo levantamento realizado pela Ebit, que analisa o perfil dos consumidores digitais, apenas 7% das compras pela internet foram feitas por pessoas entre 55 e 64 anos. O mesmo estudo ainda aponta que compradores com mais de 65 anos respondem por apenas 2% do volume de vendas pela rede mundial.

Um pouco de história

Fato é que a tecnologia tende a dominar tudo. E assim já está fazendo com as atividades comerciais desde o meio da década de 90. Mais precisamente em 1995 começavam a operar no Brasil os primeiros sites dedicados ao comércio eletrônico.

Uma curiosidade: o primeiro e-commerce do mundo começou nos Estados Unidos, em 1992, na jurássica BBS. Tratava-se do Book Stacks, que em 1994 passou a operar no protocolo www.

A primeira plataforma de vendas (ainda que rudimentar) de que se tem registro no Brasil foi o BookNet, que datava de 1995. Com o tempo e diversas incorporações, hoje está no ar a plataforma Submarino, derivada do primeiro site dedicado ao comércio de livros.

De lá para cá, a internet se popularizou e novas plataformas comerciais começaram a surgir. De início, faltava confiança para realizar transações, principalmente as que envolviam cartões de crédito.

Embora ainda seja necessária muita cautela nos negócios on-line, principalmente pela alta quantidade de ameaças virtuais, a ciência da segurança da informação proporciona hoje novos protocolos e sistemas especializados em evitar vazamento de dados.

Aos poucos, as transações via internet foram ganhando espaço. A forma de se comprar foi ficando mais fácil e as pessoas começaram a perceber que assim é muito mais fácil e prático adquirir produtos. Desde então, o número de plataformas e transações só aumentou. O cenário atual, de acordo com o estudo já mencionado, é composto por mais números além dentre os mostrado na pesquisa Ebit:

  • 38% dos consumidores on-line tem entre 25 e 34 anos de idade;
  • 23% deles tem entre 35 e 44 anos;
  • 18% tem entre 18 e 24 anos;
  • 12% entre 45 e 54 anos;
É natural que o perfil e, consequentemente, as preferências do consumidor mudem com o tempo. Existem várias razões para isso e uma das mais fortes é que novas gerações estão começando a consumir pela internet.

Este grupo de pessoas nasceu numa era em que velocidade e precisão aliados à qualidade são indispensáveis. Eles querem tudo “para ontem”. Isto sem falar no tipo de produtos que os mais jovens estão consumindo, como games e informática.

Embora o comércio eletrônico já esteja bem consolidado no Brasil, um fator fez (e está fazendo) com que ele se expanda ainda mais e de forma mais rápida: a pandemia. O confinamento forçado está obrigando as pessoas a comprar produtos e serviços em escala exponencial, de forma nunca vista antes.

O que você vai acompanhar agora são verdades sobre esta mudança de hábitos dos brasileiros com relação ao comércio eletrônico causado pela disseminação do coronavírus.

Mudança de hábitos

Dá até para classificar a evolução do comércio eletrônico em duas fases:  a do comércio físico para o e-commerce regular, ou pré-pandêmico, e deste para o pós-pandêmico.  E, nessa evolução, as mudanças nos hábitos dos consumidores também ganharam celeridade.

Na verdade, este é um processo contínuo. Como não se sabe ainda quais situações a pandemia vai trazer, então é importante que o comerciante fique atento e se adapte.

Cenário antes da pandemia

Nos anos anteriores a 2020, sempre houve aumentos no número de vendas pela internet. Segundo o relatório NeoTrust 2ª Edição, o número compras online em 2019 no Brasil somou 178,5 milhões de pedidos, o que já representava um aumento de 22% sobre 2018.

A categoria que mais vendeu foi a de moda e acessórios, contabilizando 21% das negociações. Itens populares, como telefonia e eletrônicos, 12,8%. O faturamento geral em 2019 foi de RS 75 bilhões de reais.

São números impressionantes. Porém, todo esse cenário se tranformou no ano seguinte.

Cenário pós-pandemia

O aparecimento da doença global foi um divisor de águas em muitos sentidos. Ela acentuou as ações do consumidor na internet e o forçou a buscar novas alternativas para fazer suas compras. No que se refere a adquirir itens via internet, o aumento foi vertiginoso. As estatísticas a seguir referem-se aos hábitos de compra após o início da pandemia.

Pesquisa sobre e-commerce desenvolvida pelo MCC-ENET, da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico, que considera os hábitos do brasileiro na internet, indica que as compras nesse método tiveram uma alta de 110,5% em junho de 2020, se comparadas ao mesmo mês de 2019.

Além do fato do e-commerce no Brasil dobrar, o levantamento mostra que 18,2% dos visitantes de plataformas de compras e vendas fizeram pelo menos uma compra online no segundo trimestre de 2020. Isso representa um aumento de 6% sobre o período de janeiro a março. Já numa comparação com este mesmo período em 2019, a expansão foi de 8%.

Com relação aos artigos adquiridos, o estudo revela que materiais para home office foram os mais vendidos. O número é de pouco mais de 39% das aquisições. Em seguida, móveis e eletrodomésticos, com 23,5%. Vestuário fica em terceiro lugar, com arredondados 13%. Produtos de uso pessoal representam pouco mais de 18,5%. Já artigos alimentícios e de mercado, cerca de 3%. O faturamento geral de 2020 ultrapassou R$ 115 bilhões.

Não podemos nos esquecer de falar do comércio físico na pós-pandemia. Os fatos mostram que o comércio eletrônico realmente predomina em meio à crise sanitária.

Mais um estudo, dessa vez da MasterCard, aponta que o varejo físico foi um setor bastante afetado pelo espalhamento da COVID-19. De abril a junho, o total de vendas presenciais caiu por volta de 3%. Talvez não pareça um número tão elevado, mas em valores absolutos representa uma queda considerável.

Outra informação importante, trazida pelo Índice Cielo, é que na Black Friday de 2020 as vendas físicas caíram 25% em relação a 2019, enquanto que a promoção via internet angariou 21% a mais. Aí se nota com mais clareza que muita gente migrou do off para o on-line.

O perfil do consumidor online

Já mencionadas no começo do post, a idade dos compradores são dados interessantes para os comerciantes. Mas não somente eles. Outras informações são igualmente relevantes na hora de montar uma estratégia de vendas.

Um infográfico divulgado pela Neotrust fornece um resumo do perfil do consumidor brasileiro em 2020. Confira:
  • 23,6 milhões são consumidores únicos, ou seja, compram apenas um tipo de produto na internet;
  • 5,7 milhões são pessoas que começaram a comprar em 2020, o que representa 24,2% de participação sobre o total de clientes;
  • 56,9% são do sexo feminino, com gasto médio de R$ 353,20 por compra.
  • 43,1% são do sexo masculino, com ticket médio de R$ 458,00;
Transformação digital

Ela se refere à forma como uma empresa trabalha e resolve problemas: com o uso da tecnologia. Transformação digital é refazer todo o modelo de negócios da organização para um formato moderno, em que a tecnologia ocupa um papel central e que dela dependem todas os outros setores.

Um aspecto importante dessa renovação é a disponibilização de contato com os clientes por canais diversos e a qualquer tempo. Não é difícil concordar que a empresa que oferece mais meios de comunicação é a que tende a ser melhor avaliada pelos clientes. Com o comércio eletrônico não é diferente. Se a empresa estiver em diversos canais de venda, maiores são as chances de conquistar e fidelizar clientes.

O objetivo de conhecer estas estatísticas é direcionar o vendedor on-line para as melhores ações no sentido de alavancar vendas e atingir os clientes certos. Isso, como resultado, vai tornar a marca mais forte, atrair, converter e fidelizar mais. Esta atitude é compatível com uma tendência que as empresas precisam seguir, se quiserem continuar existindo: a transformação digital.

Tendências

Já que a situação futura ainda é incerta, muitas modificações no padrão atual de consumo poderão surgir. E provavelmente vão. Se até aqui surgiram muitas novas necessidades, há motivos para acreditar que isso continue.

Comprar on-line virou algo urgente. De acordo com a pesquisa da organização Criteo, 67% pretendem continuar usando o comércio eletrônico por tempo indefinido após a pandemia. Os novos comportamentos adquiridos envolvem o uso de forma mais acentuada do já tradicional delivery de comida e o emprego de aplicativos para fazer compras.

Ainda de acordo com a pesquisa da Criteo, 94% dos novos consumidores brasileiros pretendem continuar comprando pela internet em 2021. Isto significa que a política da transformação digital precisará ser adotada de forma intensa pelo e-commerce brasileiro. Só dessa maneira ele conseguirá suprir a demanda.

Já os clientes virtuais também podem esperar novidades:

Realidade aumentada

Uma das aplicações da realidade aumentada é a visualização de um objeto que o consumidor deseja em um ambiente antes de compra-lo. Ele é virtualmente projetado e, assim, o comprador confere itens como cor, tamanho, modelo e estética.

Assistentes virtuais

Na realidade, eles já existem. O que se pode esperar para o futuro são aprimoramentos constantes. Um assistente virtual pode ter uma aparência humana, uma personalidade e influenciar os consumidores.

Algumas grandes redes varejistas já possuem suas pessoas digitais conhecidos entre os consumidores, e que contam até com perfis exclusivos em redes sociais. Um exemplo é a personagem Lu, do Magazine Luiza.

A inteligência artificial é o recurso algorítmico que faz com que os assistentes usem chats para “conversar” com clientes, tirar dúvidas e aprender sobre as preferências do comprador.

O objetivo de desenvolver essas peças é interagir com o consumidor, trazendo a ele uma experiência de compra otimizada, com proximidade, para que ele crie um relacionamento com a marca. O atendimento humanizado é um dos principais fatores para que o cliente seja fidelizado.

Velocidade de entrega

Outra tendência que interessa bastante aos jovens consumidores com perfil imediatista é a rapidez na entrega. Na verdade, essa é uma necessidade de muitas outras pessoas de idades diferentes. E isso tem se tornado realidade em empresas como o Mercado Livre, que divulga que todas as suas entregas são realizadas no dia seguinte à compra.

Para acelerar a logística, algumas plataformas utilizam o estoque físico nas lojas para atender a demanda das compras on-line. É o ship from store. Ainda a ampliação do emprego de drones com alta capacidade de carga está em estudos.

Crescimento das compras por redes sociais

De acordo com o Blazon.Online, 70% dos compradores procuram por um produto no Facebook e no Instagram antes de adquirir e 30% deles desejam comprar a partir dessas redes. Assim, os anunciantes que apostam nesses canais se beneficiarão dessa tendência.

A grande verdade é: o comerciante que não migrou para o mercado on-line, em especial os pequenos, estão perdendo tempo e dinheiro.

Criar um perfil nas redes sociais é só uma das diversas ações que os empreendedores podem tomar. Podem também anunciar em aplicativos gratuitos e até no Youtube.

Os hábitos de consumo do brasileiro estão se transformando. É a vez das empresas acompanharem essas evoluções para continuarem competitivas.             
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